terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Solidariedade


Um destes dias, numa superfície comercial, fui inquirido se queria “arredondar” ao que respondi com um redundante “não!!!”, sob o olhar incrédulo da operadora de caixa e de quem esperava na fila.
Imagino o pensamento que deve ter imanado daquelas cabeças nesse momento.

Sempre fui praticante e apologista da solidariedade pela via directa, sem intermediários, e independentemente daquilo de mim possam pensar pois também não devo explicações a ninguém, sou assim mesmo e nesse tema não mudo e quem não gostar que se dane.

Depois, recordo sempre uma tal de “pirâmide” faz largos anos já; depois, recordo um dia em que levei a determinada organização, roupa para os sem abrigo e me disseram “roupa não precisamos, temos os armazéns a abarrotar”; depois recordo…!
Pois é, “gato escaldado de água fria tem medo”.

Lê-se hoje na “Visão online” que uma determinada organização privada deduz nos seus impostos, os donativos das campanhas de solidariedade. Parece que tal situação é legal e que respeita a lei do mecenato, pois nos casos em que há desenvolvimento de produto (seja lá como isso possa ser vastamente entendido), tal dedução pode ser efectuada.
A angariação de tais donativos vai já nos cinco milhões de euros, lê-se.

Vem-me á memória uma mensagem deste Natal, que em determinada homilia dizia “Vivemos o Natal de 2010 entre dificuldades e esperanças, como aliás decorre a existência humana… Mas vivemo-lo em esperança, dinamismo interior que nos leva a admitir mudanças para melhor, sobretudo quanto elas se assinalam na actuação concreta de muita gente que não desiste do futuro, próprio e alheio.”

Gosto particularmente do “próprio” e do “alheio” e cada um que tire as suas terminações. Também não me admira que as figuras daquelas campanhas publicitárias sejam tão gordinhas, pudera!!!!
Malgrado ter já havido algumas reclamações por uma delas estar este ano mais “magrinha”.

 Mas o “mau feitio” é o “eu” por não arredondar uns cêntimos e não encher ainda mais os bolsos, de quem não precisa e abastança que chegue já tem.

Já diziam os Romanos “Cui lingua est grandis, parvula dextra est”
(língua comprida, sinal de mão curta).

1 comentário:

  1. Também digo não ao "arredondar"! Também concordo com tudo o que sublinha... Também sou assim, e ainda bem que não somos só dois.
    Abraço.

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