Uma pequena introdução pois há alguns termos que considero pejorativos empregues na maioria dos contextos, como é o caso da palavra “povo” e especialmente quando aplicada em directo pelos nossos políticos, ou mesmo a palavra “velho”, que nunca gostei, quando aplicada frequentemente e com determinadas conotações.
Assim e com o máximo de respeito, e sem a intenção de alguma descortesia para qualquer sénior que sei vir a ler-me, mesmo muito pelo contrário, durante todo este texto tratarei de velho, ou velhos, todas as pessoas mais idosas.
Alguém disse que a velhice começa quando um dia, o sexo feminino começa a nos tratar com respeito e o sexo masculino, sem respeito nenhum.
E a experiência dita-nos que a vida espera sempre as situações mais criticas, para mostrar o seu flanco mais cintilante.
Mas pergunto eu, qual o flanco cintilante que pode esperar a maioria da nossa população idosa?
Doentes na sua maioria e com cada vez mais falta de assistência médica; com parcas reformas que nem para comprar os medicamentos chega por vezes; alguns deles com falta de assistência por parte dos familiares que chegam a deposita-los nos hospitais; abandonados á sua sorte depois de uma vida de trabalho; roídos pela solidão sem expectativa alguma para os poucos anos que lhes restam; para esses velhos, onde está esse flanco mais cintilante da vida?
É frequente ouvir-se dizer “oh! está velho”.
Nesta sociedade actual ser velho, é ser considerado inútil, alguém desnecessário pois perdeu a eficácia e a força, e deveria ser ao contrário pois muito se aprende com a experiência dos velhos.
A muitos velhos não chegava terem sido maltratados pela própria vida que lhes foi madrasta, para o serem também por uma sociedade que os marginaliza e desrespeita, por governos consecutivos que os despreza, abandona, os afasta e desaproveita.
A sua prática poderia ser aproveitada em benefício dos mais jovens, pois ser velho não é estar morto.
Quantos de nós recordam com um sorriso e muita saudade as histórias contadas pelos avós, ou que aprenderam alguma coisa com os velhos da família e que ainda hoje, transmitimos aos nossos filhos, ou até mesmo, quantos deram os primeiros passos pela mão dos avós?
Tenho medo!
É verdade…, tenho mesmo muito medo…!
Mas o meu medo profundo não é o de morrer, pois esse já pactuou comigo faz muito tempo e um dia, lá terá de ser.
Tenho é medo de envelhecer e não é por ficar velho, pois isso até tem o seu charme.
Tenho medo de se esquecerem que ser velho, também é ser gente.
Tenho medo desta sociedade egoísta e sem moral.
Tenho medo dos governos virados para os números, curvas de crescimento, rentabilidade e rendibilidade, “cash fllow” e reservas monetárias, mercado financeiro e mercado monetário, OGE(s), AGA (s) e AGE(s), e tantos outros termos técnicos de gente que parece ser entendida na matéria, mas que não sabe o que está a fazer pois esqueceram que o estado também tem uma função social, e tudo isto, enquanto enchiam os seus próprios bolsos.
Alguém disse que “sem música, a vida serio um erro”.
Já é tempo de esta sociedade na qual estou inserido e os seus sucessivos governos, pararem de dar “música”, aos nossos velhos.
Que bem!
ResponderEliminarE é uma grande verdade, sem "melodias", muitas delas com longa idade, a vida seria um erro, um equívoco, dos gigantes.
Tenho especial prazer em tê-lo "espicaçado" a escrever num Blog... Dou-me por "satisfeito", embora aguarde por mais, e mais, e mais...
Abraço e Parabéns!
Jota, não poderia estar mais de acordo com este teu pensamento. O ser velho é ser sábio, é sinónimo de experiência, é saber SER... Muito que poderiamos aprender com eles... se ao menos lhes dessemos mais vós, mais presença nos palcos principais das sociedades do mundo...
ResponderEliminarParabéns Jota, gostei muito.
Abraço