sábado, 12 de novembro de 2011

Palíndromo


Fruto de algum trabalho que tem vindo, sim porque emprego sempre tive e uma coisa não tem nada a ver com a outra, tenho andado afastado dos meus habituais “bate-orelhas” no meu blogue e no dos outros. Este afastamento tem originado alternâncias entre terras “del Rey Juan Carlos” e passos curtos em terras de Pedro Coelho.

Vejo que também agora os nossos vizinhos andam algo preocupados com aquela senhora que tem assombrado o mundo e o nosso quadradinho á beira-mar plantado, em particular. Contudo, a abordagem feita pelos nossos “hermanos” continua a ser bastante diferente da nossa quando o tema é “problema” e essa senhora que quase todos chamamos de crise. Sim…, ela existe, não será para todos…, mas existe e sabemos que ficará por cá alguns tempos.

No meu mundo do trabalho e no nosso País, quando alguém pergunta “então como vai isso?”, a resposta normalmente é “está lixado pá, não sei o que vai ser de nós”, ou então “vamos ter de emigrar que isto aqui já deu favas” ou mais incisivamente “isto está cada vez pior, ninguém vai dar a volta a esta porcaria”. São estas as respostas que normalmente são recebidas.

Se a pergunta é feita do lado de lá da fronteira, 70% das vezes a resposta dos inquiridos é “luchando”, que é tão só o equivalente ao nosso “lutando”. Por várias vezes tenho feito essa pergunta, abordando o tema de várias formas e é a resposta de recebo com mais frequência, “luchando”.

“Luchando” com mais ou menos ânimo ou mais ou menos desânimo, com mais ou menos convicção ou mais ou menos crença, mas dentro de uma filosofia que é a da luta para cumprir objectivo e tentar conseguir ultrapassar, problemas e as vicissitudes existentes.

Este nosso palíndromo nacional perante os problemas tem de mudar e mudar, muito rapidamente. Temos de deixar de pensar como uns coitadinhos e estarmos sempre á espera que alguém nos venha dar um paliativo que minimize, nem que seja temporariamente, o mal-estar em que nos encontramos. Deixemos de uma vez por todas de ser, choramingas.

Se recuarmos no tempo, não somos muito diferentes dos nossos “hermanos” no que diz respeito á criação do tecido empresarial. As empresas Espanholas e até mesmo a maioria dos grupos empresariais privados nasceram de empresas familiares, á semelhança do que por cá se passou. Foram os descendentes desses criadores que mais tarde pela divisão, criaram novas empresas e assim sucessivamente, concebendo a indústria forte que hoje existe. Também aqui, a diferença, é uma vez mais a forma como encaramos as coisas.

Nunca o deixaria, mas não sou nem nunca fui tomado e analisado com complacência por eles e exigem-me a mim, que sou um “outsider”, o mesmo rigor que aos da casa. Porquê? Porque sabem que não são melhores que nós e não raras vezes, até somos bem melhor que eles. Garanto-vos que não nos tomam como um dado adquirido e admiram a nossa capacidade de trabalho e rigor organizacional.

Separa-nos sobriamente, a filosofia que é adoptada na vida e no dia-a-dia seja no trabalho ou em sociedade. Separa-nos a forma como abordamos e a forma como agimos. Separa-nos o trato…, sim o trato…, deixemo-nos de histórias pois somos bastante mais manga-de-alpaca que eles. Nos negócios, 10 minutos depois um Espanhol trata-nos por tu, enquanto por cá demora 10 anos até que alguém se decida a esquecer o “Dr”.
Nessa matéria, o flamengo e o fado estarão sempre em lados opostos.

Tampouco quero ser Espanhol e tenho um especial exacerbado orgulho nacional, mas aparte de muitas semelhanças e outras tantas diferenças, retemos em comum com os nossos “hermanos” uma opinião idêntica e generalizada. Também eles pensam como nós quando se fala sobre os políticos. E sobre este tema mais não digo, não me querendo alongar em demais…chamemos-lhes interjeições.

A mensagem que queria passar, é que temos de deixar de pensar que somos uns coitaditos e acabar com as choramingues á boa maneira dum Caliméro.

Vamos acabar com esse palíndromo nacional.


 

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