segunda-feira, 27 de junho de 2011

O MEDO


Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada (Sun Tzu).

Por mais crítica que seja a situação e as circunstâncias em que nos possamos encontrar, o melhor é não desesperar. Estaremos irremediavelmente perdidos se naquelas ocasiões em que tudo ou quase tudo nos inspira temor, baixarmos os braços e nos deixarmos abater.
Sei que não é fácil, mas há que lutar nestas alturas contra nós mesmo.

O medo consome-nos, paralisa-nos, mata-nos lentamente, destrói-nos e cresce até ao limite. O medo é um processo mental que se reflecte no corpo. É ele que está por detrás do fracasso, das relações humanas e amiúde da doença.
Do medo ao pânico existe um ténue véu.

Quase sempre, quando estamos com medo mais ou menos legitimados, cruzamo-nos com aquele esperado caminho libertador e não o reconhecemos, portanto há que ter confiança, levantar o ego e manter a expectativa na esperada mudança.

Claro que os únicos que não podem ser derrotados, são os que nada têm a perder, daí os medos e os temores aparecerem aos restantes. Também o que é desconhecido provoca medo, daí que quando aparecem as surpresas, aquelas pérfidas surpresas especiais para as quais nunca se está preparado, a primeira reacção seja o medo.

O medo é tão-somente o alerta do nosso corpo aos estímulos físicos ou mentais. Ele está entre a ansiedade e o pavor e pode transformar-se em algo degenerativo fisicamente. Lentamente vai-nos absorvendo e corroendo se não lutarmos em contrário para diluirmos ou enfrentar esse sentimento de inquietação perante um perigo real ou imaginário.

A solução para tratar desse inimigo que é o medo, passa por cinco acções a tomar:

- Mentalizar o medo.
- Interpretar o medo.
- Enfrentar e Canalizar o medo.
- Transferir a energia do medo para o objectivo que desejamos obter.
- Estabilizar o medo.

Quando nascemos, só existem dois medos que nos são inaptos: o medo de cair e o medo do barulho. Todos os outros fomos adquirindo ao longo do nosso crescimento. O medo normal é bom pois ele permite-nos estar alerta e em seu devido tempo sermos avisados pelo nosso subconsciente. O medo anormal é mau e destrói-nos, é obsessivo e cria complexos.

Ter medo é normal mas não é pacífico.
Ando pessoalmente numa fase em que dou mais atenção aos meus medos e em que estou a trata-los eu mesmo. Chega um ponto em que temos de dizer chega e de os enfrentar pois sei que se assim não for, eles vão acabar por corroer as entranhas, por me transformar, por digerir e carcomer-me a já pouca boa disposição que me resta.

E vocês…, estão a dar devida atenção aos vossos medos?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tem dias!


Tem dias que sim, têm dia que não, mas por vezes cada dia é diferente de tão igual o ser e…, dou-me mal com isso.

Dou-me mal com o desespero, tal grilheta do condenado com destino traçado, mesmo sendo a pena a mais gaiata das opções, embora saiba que com ele se constrói o carácter.

Dou-me mal com a pancadita nas costas pois por vezes o escaldão é tão forte, que por mais amiga que ela seja, essa pancadita magoa sempre demais. Sei contudo que a solidão não constitui alimento, mas apenas jejum” (Will Durant).

Dou-me mal com a falsidade encoberta pois um amigo falso e maldoso é mais temível que um animal selvagem; o animal pode ferir o corpo, mas um falso amigo irá ferir a alma." (Buda)

Dou-me mal com a injustiça pois “a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar." (Martin Luther King)

Dou-me mal com o rir por fora e chorar por dentro pois quem conhece o verdadeiro sorriso, sabe que nem sempre os palhaços são felizes.

Dou-me mal com a miséria pois sei que “não se pode pensar bem, amar bem, dormir bem, quando não se jantou bem”. (Virginia Woolf)

Dou-me mal com quem é pedante pois sei que esses…, são barreiras ao conhecimento e ao desenvolvimento.

Dou-me mal com a má educação, ou a falta dela, embora saiba que ela tem como base os maus exemplos.

Dou-me mal com os maus políticos e governantes, mas a gargalhada e o desprezo é a única critica que me merecem.

Dou-me mal com a economia actual, e sei que “os intelectuais fazem a teoria e as massas, a economia”. (Albert Camus)

Dou-me mal com quem diz que tem o dever cumprido, sem que sequer se tivesse esforçado a o fazer, ou se esforçou somente em proveito pessoal. Sei que “o dever cumprido decorre da necessidade de se entrar em acção, e não da necessidade de insistir com os outros para que façam qualquer coisa”. (Madre Teresa de Calcutá).

E tudo depende da esperança.
Da esperança de melhores dias, ou da mesma para dias melhores.

Mas depende da forma com que nos movemos, da força que as noites…, por vezes mal dormidas…, nos proporciona acordar naqueles dias mais ou menos alegres, com mais ou menos disposição.
E por muita chuva que venha a cair, ou por mais alegre que seja o sol que venha a raiar, essa esperança só depende mesmo de cada um de nós.

Depois, as opções que tomamos…, já eram.
Resta levantar a cabeça, endireitar os ombros, arrumar a casa, minimizar os danos e partir para um novo desafio.

Dou-me mesmo mal com muita coisa mas…, tento sempre dar-me muito bem..., comigo próprio!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A mudança


Portugal escolheu!
Escolheu bem a meu ver não dando a maioria a nenhum partido.
Varreu a casa da melhor forma.
Premiou a esperança e o bom senso, tal enforcado na corda á espera que esta parta quando se abre o alçapão.

Atirou às malvas quem mereceu e machadou contundentemente quem logrou.
Dane-se e desengane-se quem pensa que somos asnos e que vamos eternamente em cantigas, que podemos ser sempre enganados e que quem o faz…sai impune. Bem…, até sai.

Passou ao lado de muita gente mas, a semana passada, um tal célebre processo foi arquivado. É só mais um escândalo sem culpa formada.
Mesmo a tempo não é? Pois…, muito conveniente e uma vez mais o delito fica sem ser punido.

Mas fiquei boquiaberto.
O funeral ainda tinha começado e já havia um abutre a subir e descer, bem com o olho em cima da carcaça…, não fosse ela arrefecer. Morre um incompetente e já outro se perfila, mas esse conheço-o eu. Oportunista!

Faz tempos confrontei-o num restaurante em Nelas, de seu nome os Antónios.
Coitadinho, esqueceu de quem há uns anitos…, lá para os lados do Café Itália…, lhe safou as costas. E até que nem mudei muito de fisionomia segundo dizem, mas o pobre coitado não me reconheceu, jogou pelo “seguro”. Quando numa onda de sacanito lhe avivei a memória, mexeu-se na cadeira, piscou os olhitos e parecendo um puto comprometido responde “não me lembra…”. Ai se fosse hoje…, bem que eu virava as costas e deixava que levasses umas lambadas bem assentes, talvez ganhasses juízo.

Mas isto está mau, claro que está e é capaz de agravar ainda mais.
Mas já fomos capazes de virar a agulha noutros tempos e vamos consegui-lo outra vez.
Não sem danos colaterais e…, muitos irão padecer e sem ter culpa de tal, apanhados de surpresa numa teia que até parece feita de propósito e á media.
Dá que pensar mas…não se deve morrer na praia, eu pelo menos não quero tal.

Agora é unir as hostes e trabalhar, tocar o barco que está encalhado, premiar quem é honesto e competente e combater aquilo que todos andamos a lamentar faz tempo.

A assim não ser…